Como acertar na dose para aproveitar os efeitos do café
Seja pelo gosto agradável ou pelos efeitos da semente, não dá para negar a paixão dos brasileiros pelo produto obtido a partir das frutas do cafeeiro. O Brasil é o segundo maior consumidor da bebida, de acordo com dados do Ministério da Agricultura.
Mas além do sabor, o que mais o café pode oferecer? De que forma ele pode afetar positivamente ou negativamente o bem-estar de quem não dispensa uma ou mais xícaras ao longo do dia?
Por dentro da composição do café
A popularização do consumo dessa bebida tão famosa é relativamente recente, se comparada a alternativas (como os chás): estima-se que o líquido escuro se tornou popular na Europa, Ásia e África somente no século XV.
O poder estimulante é, certamente, o que mais chama a atenção em um primeiro momento. No entanto, quando se verifica de perto o que tem em cada gole, é possível perceber que ele vai muito além disso.
Cafeína
Em média, uma xícara tem entre 80 e 150 mg de cafeína. O número oscila bastante, uma vez que o grão utilizado e o método de preparo (coador, máquina de espresso, etc.), são fatores que interferem nesse resultado.
A capacidade de espantar o sono vem dessa substância presente naturalmente na planta. A explicação para isso se dá pelo fato de que ela bloqueia receptores no cérebro responsáveis por captar as informações de alguns elementos (em especial, a adenosina) que sinalizam o cansaço ao corpo. Mas, além de provocar a sensação de alerta, a substância:
- tem efeito diurético, aumentando a produção de urina;
- estimula a acidez estomacal;
- acelera os batimentos cardíacos e eleva a pressão arterial temporariamente.
Atualmente, existem preparos descafeinados. Os grãos passam por processos para remover a substância, mantendo boa parte do sabor, aroma e demais propriedades.
Contudo, esses produtos não são 100% isentos. Um pouco dela permanece, ainda que em concentrações bem menores.
Antioxidantes
Poucos artigos naturais têm tantos elementos do tipo quanto o café. Em geral, isso é o que parece conferir a maioria dos seus benefícios para a saúde, uma vez que ajuda a combater os radicais livres responsáveis por acentuar o envelhecimento e desencadear uma série de condições de saúde.
O principal destaque do cafezinho vai para os chamados polifenóis. Tais compostos orgânicos têm potencial anti-inflamatório e podem estar associados à prevenção de várias complicações de saúde, indo de alterações cardiovasculares a condições neurodegenerativas.
Nesse sentido, junto das frutas, dos vegetais, leguminosas e dos chás, esse tipo de infusão é a principal fonte de determinados antioxidantes dos brasileiros, conforme mostrou uma publicação do British Journal of Nutrition.
Minerais
As doses acumuladas no dia a dia contribuem com o aporte de micronutrientes como magnésio, manganês, cromo, cobalto e potássio.
Cada um desses minerais, a seu modo, cumpre funções específicas no organismo humano. Ou seja, garantir refeições capazes de supri-los adequadamente é importante para a saúde. Frequentemente isso pode depender do suporte de um nutricionista:
A hora e a quantidade certa de tomar um cafezinho
Como tudo na vida, o consumo saudável depende do ponto de equilíbrio para que os possíveis ganhos não sejam desperdiçados. Para a maioria das pessoas, três ou quatro xícaras ao dia (que somadas têm entre 450 e 600 ml) são a indicação para alcançar melhores efeitos do café.
Com essa quantia, obtém-se cerca de 400 miligramas de cafeína, o limite recomendado. Acima disso, a estimulação pode começar a incomodar.
Vale ainda sempre considerar que outros itens igualmente oferecem algumas porções do ativo, incluindo:
- chocolates;
- chás (o mate, o verde e o preto, principalmente);
- refrigerantes;
- energéticos;
- alguns medicamentos.
O horário importa tanto quanto a quantidade. A ingestão da última xícara nunca pode acontecer após o meio da tarde. Depois desse intervalo, cresce a interferência sobre o sono, uma vez que a eliminação completa da cafeína leva várias horas.
Quem gosta de uma xícara logo depois do almoço também deve dar um tempinho antes de bebê-la em seguida da refeição. Existem sinais de que o líquido interfere no aproveitamento de nutrientes como o ferro e o cálcio.
Os principais benefícios da bebida
A curiosidade em torno do café é tão grande que é difícil encontrar outro item da alimentação de pessoas em boa parte do mundo com tantos estudos tentando identificar potenciais vantagens.
Entre tudo aquilo que o preparo com base nessas frutinhas disponibiliza, o que merece mais destaque envolve:
- redução do risco de alguns tipos de câncer, devido aos efeitos do grão com potencial antioxidante;
- chance menor de desenvolver diabetes tipo 2 em comparação com quem não tem o hábito de ingerir a bebida regularmente;
- diminuição da possibilidade de complicações cardiovasculares, incluindo derrames cerebrais e ataques do coração;
- melhoria do humor e alívio de sintomas depressivos, supostamente devido à ação do estresse oxidativo nas células do sistema nervoso;
- proteção contra alterações neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer;
- contribuição no controle do peso e de indicadores relacionados ao colesterol.
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De olho no açucareiro
Uma forma simples de ampliar os benefícios sem atrapalhar a dieta é reduzir ou eliminar o açúcar adicionado.
A bebida é naturalmente sem calorias, mas o pó branco pode acrescentar muitas delas. Diante da possibilidade de beber várias doses, a energia extra para o corpo pode ser alta.
Os riscos de se exagerar na dose
Pessoas com determinados graus de sensibilidade precisam maneirar no café. Em muitos casos, ele deve ser realmente retirado da rotina. Alguns dos sinais que indicam que se está passando da conta são:
- dificuldades para dormir (insônia);
- acidez estomacal que pode incomodar indivíduos com úlceras ou refluxo;
- sensação de tontura;
- irritação;
- dores de cabeça;
- aumento do batimento cardíaco, que muitas vezes pode ficar descompassado;
- ampliação da desidratação corporal;
- ansiedade;
- influencia negativamente nos níveis de colesterol, sobretudo caso o método de preparo não use filtros de papel ou pano (espresso, prensa francesa etc.).
Para aqueles que precisam ou querem tomar menos da bebida, mas estão habituados a ela, ficar longe não é tão simples quanto parece.
Ainda que não seja considerada uma substância viciante nos mesmos moldes do álcool e do tabaco, interromper as preparações com cafeína pode gerar sintomas que lembram uma abstinência.
Entre as queixas mais comuns nesses cenários estão também as dores de cabeça, as mudanças de humor, a concentração prejudicada e a sensação de lentidão e cansaço.
Embora a falta do estimulante provoque incômodo nos primeiros dias, ela tende a passar rapidamente. Fazer a redução ajuda progressivamente a atenuar os desconfortos.
Fontes:
- Associação Brasileira da Indústria do Café;
- Antioxidants;
- British Journal of Nutrition;
- Ciência & Agrotecnologia;
- Food and Drug Administration;
- Foods;
- Journal of Agricultural and Food Chemistry;
- Journal of Caffeine Research;
- International Journal of Food Sciences and Nutrition;
- Ministério da Agricultura e Pecuária;
- National Library of Medicine;
- Nutrients;
- Nutrition Journal;
- The Nutrition Source.