Confira um guia completo sobre o hipertireoidismo
Embora menos comum que o hipotireoidismo, o hipertireoidismo é uma alteração na tireoide capaz de provocar diversos desconfortos que, pouco a pouco, afetam significativamente o bem-estar. Os sinais vão desde a perda de peso até oscilações no humor e na disposição.
Por isso, vale a pena tirar um tempo para compreender melhor essa disfunção hormonal e suas implicações, ressaltando como é fundamental buscar o diagnóstico e o tratamento adequado com especialistas capacitados.
O que é a tireoide e como ela funciona
A tireoide é uma glândula endócrina (ou seja, libera hormônios diretamente na corrente sanguínea) localizada na parte central do pescoço e posicionada na região frontal do corpo. Com o formato similar ao de uma borboleta e de tamanho reduzido, ela é essencial para o funcionamento do organismo.
É a tireoide quem produz principalmente dois hormônios: o T3 (triiodotironina) e o T4 (tiroxina). Essas substâncias são transportadas para todas as células do corpo através da circulação, regulando a velocidade do metabolismo em cada tecido.
O processo é controlado pela hipófise, outra pequena glândula localizada no cérebro. Quando os níveis hormonais estão baixos, o sistema nervoso atua para liberar o TSH (hormônio tireoestimulante) e estimular a produção de mais compostos.
O que representa um quadro de hipertireoidismo
Esse é o nome dado à produção em excesso dos hormônios tireoidianos, levando à concentrações acima do ideal das substâncias no organismo.
Consequentemente, a alteração faz com que diversos processos celulares comecem a acelerar. É como se o corpo entrasse em um modo de “alta performance”, aumentando drasticamente a velocidade de suas funções básicas.
Com o tempo, essa situação pode levar a comprometimentos mais sérios, como complicações cardiovasculares (arritmias, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca), perda de massa óssea (osteoporose), alterações oculares ou ainda uma crise tireotóxica, consequência rara, mas muito grave do hipertireoidismo não tratado que pode levar até mesmo ao coma.
Tipos de hipertireoidismo
Dependendo de sua causa, ele é classificado em diferentes categorias. O mais comum é o primário, que ocorre quando uma questão afeta diretamente a tireoide, levando à produção excessiva de hormônios pela glândula.
Existem também os de natureza secundária, sendo esses mais raros. Acontecem quando o a alteração está na hipófise (a central de controle cerebral, como já destacado) e, por consequência, acaba afetando a tireoide e sua produção hormonal.

Fatores de risco para a disfunção tireoidiana
O Ministério da Saúde ressalta que a Doença de Graves é o gatilho mais frequente de hipertireoidismo. De acordo com dados publicados no National Library of Medicine, até 80% dos casos do gênero têm como causa essa alteração.
Trata-se de uma condição autoimune que desencadeia o ataque das células de defesa do organismo à tireoide, que responde aumentando a produção hormonal.
De modo geral, a Doença de Graves é mais comum em mulheres (cinco a dez vezes maior do que nos homens), sobretudo no intervalo dos 30 aos 60 anos, como apontado por artigo sobre o tema publicado na Best Practice & Research Clinical Endocrinology & Metabolism.
Outros fatores que aumentam a predisposição do funcionamento acentuado da glândula incluem:
- histórico familiar de alterações na tireoide;
- tratamento prévio com radiação na região do pescoço;
- uso de medicamentos específicos;
- diabetes tipo 1;
- gravidez recente;
- excesso de iodo na alimentação;
- estresse crônico.
O hipertireoidismo neonatal também pode ocorrer em bebês nascidos de mães com Doença de Graves devido à passagem de anticorpos através da placenta. Por isso, eventual triagem é feita nos primeiros dias de vida.
Principais sintomas da alteração na tireoide
As mudanças provocadas pelo hipertireoidismo podem passar despercebidas por longos períodos, até começarem a interferir no dia a dia. Entre os aspectos que devem ligar o sinal de alerta estão:
- palpitações e batimentos cardíacos acelerados, perceptíveis mesmo em repouso (taquicardia);
- perda de peso inexplicável, mesmo com aumento do apetite (o que significa resultado da queima de massa muscular);
- nervosismo, ansiedade e irritabilidade excessivos;
- tremores nas mãos e dedos;
- suor exagerado e intolerância ao calor;
- fadiga e fraqueza muscular, especialmente nas coxas e braços;
- diarreia ou aumento da frequência das evacuações;
- insônia e dificuldade para dormir;
- modificações nos olhos, sobretudo nos casos da Doença de Graves, que deixam o globo ocular saltado, avermelhado e com sensibilidade à luz.
Nas mulheres, a disfunção pode causar irregularidades menstruais com fluxos mais leves ou ausência de menstruação, além de dificuldades para engravidar.
O profissional responsável pelo cuidado com a tireoide é o endocrinologista. A especialidade trabalha justamente com todos os sistemas responsáveis pela atuação dos hormônios em diferentes partes do organismo.
Exames necessários para o diagnóstico adequado
Os testes laboratoriais são relevantes para identificar o quadro medindo os níveis de compostos no sangue.
A principal avaliação é a dosagem do TSH. Os médicos normalmente solicitam esse teste primeiro quando suspeitam da alteração. A coleta é feita de forma relativamente simples com uma amostra de sangue, preferencialmente em jejum.
Quando o TSH está suprimido (muito baixo ou indetectável), isso indica que a hipófise está “freando” a produção de TSH devido ao excesso de hormônios tireoidianos circulantes.
Como referência, o Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia aponta que valores abaixo de 0,1 mU/L para adultos geralmente indicam hipertireoidismo clínico.
Em muitos casos, os responsáveis pelo atendimento enquadrarão os achados dentro do hipertireoidismo subclínico. Ele é definido pelo TSH suprimido, mas com T3 e T4 normais ou levemente elevados, enquanto os demais sinais estão ausentes ou muito discretos.
Portanto, para complementar o diagnóstico, podem ainda ser solicitadas outras análises, que incluem:
- T4 livre, que mede a quantidade da substância disponível no sangue;
- T3 total ou livre, que avalia os níveis em diferentes contextos;
- anticorpos antitireoidianos, que ajudam a identificar a Doença de Graves;
- ultrassom, para avaliar e identificar nódulos na região.
Em todo o processo de acompanhamento, o Cartão dr.consulta pode ajudar, oferecendo acesso a diferentes exames e especialidades médicas com comodidade e preços diferenciados.
Além disso, é possível realizar consultas com profissionais de enfermagem de maneira on-line e gratuita para receber orientações personalizadas.

Tratamentos disponíveis para o hipertireoidismo
A abordagem adequada varia conforme a causa e a gravidade do quadro. As principais opções incluem:
- uso de medicamentos antitireoidianos, que bloqueiam a produção hormonal, e outros remédios para tratar sinais específicos;
- emprego de iodo radioativo, especialmente eficaz na Doença de Graves, na presença de nódulos ou quando os medicamentos não surtem o efeito esperado;
- indicação de procedimento de remoção parcial ou total da tireoide, sobretudo quando há nódulos grandes ou suspeita de câncer.
Além disso, algumas mudanças na rotina podem contribuir para o bem-estar dos indivíduos diagnosticados. As mais relevantes são:
- manter uma alimentação equilibrada, especialmente durante terapia com iodo radioativo. Na dúvida, um nutricionista pode ajudar;
- evitar bebidas e alimentos estimulantes como cafeína para reduzir palpitações e ansiedade;
- praticar alguma atividade física leve ou moderada, evitando exercícios intensos até normalização hormonal;
- adotar táticas de gerenciamento do estresse, com apoio de técnicas de relaxamento e meditação, já que o nervosismo e a ansiedade são uma constante;
- seguir o acompanhamento médico regular para ajustar medicação, repetir os exames necessários e prevenir complicações.
A supervisão profissional é essencial para garantir que os níveis hormonais retornem aos valores ideais e se mantenham estáveis. Dessa forma, a vida de quem tem hipertireoidismo pode seguir de maneira mais tranquila.
Fontes
- American Thyroid Association;
- Arquivos Brasileiros de Endocrinologia;
- Associação das Doenças da Tireoide;
- Best Practice & Research Clinical Endocrinology & Metabolism;
- Biblioteca Virtual em Saúde;
- Biblioteca Virtual em Saúde;
- National Library of Medicine ;
- Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia;
- Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.