Hipertrofia ventricular pode ser silenciosa. Entenda

A hipertrofia ventricular (HV) é um diagnóstico comum na prática clínica, principalmente entre pessoas com pressão alta há vários anos.
Trata-se de uma alteração na estrutura do coração que envolve o espessamento das paredes do ventrículo, em especial do esquerdo (a principal câmara responsável por bombear sangue para o corpo).
Esse processo compromete a capacidade de contração e de relaxamento do músculo cardíaco, interferindo na eficiência do bombeamento.
Quando o ventrículo aumenta de tamanho?
O aumento da espessura da parede ocorre quando o órgão é submetido a esforço constante para vencer uma resistência maior à ejeção de sangue. Essa situação tem diversos fatores envolvidos em sua causa, sendo a hipertensão arterial o mais frequente.
Com o tempo, o músculo cardíaco se adequa à sobrecarga, mas essa adaptação cobra um preço: o coração perde flexibilidade, torna-se menos eficiente e fica mais suscetível a arritmias e à insuficiência cardíaca.
Entre as outras causas que levam a hipertrofia ventricular estão:
- estreitamento da válvula aórtica (estenose);
- regurgitações valvares (quando o sangue volta para o ventrículo);
- cardiomiopatias com origem genética;
- práticas intensas e prolongadas de atividade física de alto rendimento (coração de atleta);
- condições familiares raras como amiloidose e doença de Fabry.
Nesse sentido, uma assinatura em saúde permite o acompanhamento personalizado e contínuo com foco na prevenção. O Cartão dr.consulta é um exemplo que oferece acesso a um cuidado completo, conectando o paciente a uma trilha de especialidades, exames e apoio médico desde os primeiros sinais.

A hipertrofia ventricular nem sempre é patológica
Existem dois padrões de HV: concêntrica e excêntrica. A primeira é geralmente associada ao aumento da pressão arterial, em que a parede se torna mais espessa e o espaço interno do ventrículo reduzido.
Enquanto a forma excêntrica costuma surgir em contextos de sobrecarga de volume, como nas regurgitações valvares ou em algumas cardiomiopatias, levando assim, à dilatação da câmara.
Além disso, é importante distinguir o espessamento fisiológico, como o que ocorre em atletas bem treinados, da HV patológica.
No coração de atleta, apesar do aumento da massa, a função cardíaca se mantém preservada e há reversão espontânea após o fim da atividade esportiva. Em outras palavras, isso significa que a ocorrência não é sinal de que a saúde cardíaca vai mal nesses casos.
Considerando isso, uma consulta com profissional permite identificar precocemente alterações estruturais, bem como orientar sobre as melhores formas de prevenção cardiovascular e acompanhamento personalizado para cada perfil.
Como a hipertrofia ventricular afeta o corpo?
O coração passa a ter maior rigidez, o que dificulta seu enchimento, bem como prejudica a distribuição adequada de sangue. Isso resulta em sinais como:
- cansaço progressivo;
- falta de ar em repouso ou ao se deitar;
- dor no peito durante atividades físicas;
- batimentos cardíacos irregulares;
- tontura e, em alguns casos, desmaios.
Esses sintomas não aparecem logo no início, ou seja, o quadro geralmente é silencioso, o que retarda a identificação em muitos casos.
O diagnóstico vai além dos sintomas
O ecocardiograma é o principal recurso utilizado, pois permite visualizar o espessamento da parede, calcular a massa do ventrículo e avaliar o funcionamento das válvulas e câmaras.
O eletrocardiograma também é útil, especialmente em triagens, mas sua sensibilidade é limitada. Então, quando há necessidade de precisão, exames como a ressonância magnética são utilizados, principalmente em estudos clínicos ou casos com dúvidas diagnósticas.
Reversão da hipertrofia ventricular
A HV pode ser reduzida com intervenções adequadas. A diminuição da massa do ventrículo está associada a menor risco de eventos cardiovasculares graves, como infarto, arritmias e parada cardíaca súbita.
Entre os recursos mais utilizados estão os remédios indicados para o controle da hipertensão, como inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA), diuréticos, bloqueadores dos canais de cálcio e betabloqueadores.
No entanto, a escolha do tratamento deve ser personalizada e avaliada por um profissional de saúde. Isso porque cada classe de medicamento atua de forma distinta no organismo e tem maior ou menor impacto na redução da massa ventricular, dependendo das características individuais do paciente.

Práticas recomendadas para controle e prevenção
Além dos medicamentos, algumas práticas de cuidado com a hipertensão impactam diretamente na progressão ou regressão da HV, conforme recomendações do Ministério da Saúde:
- monitorar regularmente a pressão arterial, inclusive em domicílio;
- reduzir o consumo de sal para menos de 2g por dia;
- evitar o uso de álcool e de substâncias estimulantes;
- manter o peso corporal dentro de faixas saudáveis;
- dormir entre 7 e 9 horas por noite;
- praticar atividades físicas regulares e de intensidade moderada;
- evitar o sedentarismo e o tabagismo.
Por fim, a boa notícia é que essa alteração cardíaca é modificável e, com o diagnóstico precoce, uso adequado de medicamentos e mudanças no estilo de vida, há expectativa real de regressão do espessamento ventricular e de redução do risco cardiovascular.
Fontes: