À medida que o sangue circula pelas artérias é exercida uma pressão contra a parede desses tipos de vasos sanguíneos, cuja principal função é o transporte de sangue rico em oxigênio pelo corpo.
Quando essa tensão elevada se torna contínua, é caracterizada a hipertensão arterial – uma condição que pode levar a complicações graves de saúde se não for controlada.
Valores de referência para a pressão alta
Recentemente, foram veiculadas algumas informações de que uma nova diretriz europeia alterou os valores referenciais anteriormente considerados para a pressão alta (PA).
De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), os critérios para o diagnóstico da condição não mudaram. A novidade apresentada pelos pesquisadores europeus está na classificação da PA, sendo:
- elevada: entre 120/70 mmHg e 140/90 mmHg;
- não elevada: abaixo de 120/70 mmHg.
A SBH explica que essa mudança tem como objetivo apontar a pressão alta como um quadro contínuo e com risco cardiovascular mesmo em níveis baixos.
Até a publicação dessa nova recomendação, porém, a entidade indica que sejam seguidas as orientações das Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (DBHA) lançadas em 2021. O documento elaborado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia considera:
- PA ótima: até 120/80 mmHg;
- PA normal: entre 120/80 mmHg e 129/84 mmHg
- Pré-hipertensão: entre 130/85 mmHg e 139/89 mmHg;
- hipertensão arterial: a partir de 140/90 mmHg.
É importante lembrar que a pressão arterial varia ao longo do dia e que sua medição é a única forma de diagnóstico – que deve se basear em alterações registradas em pelo menos duas aferições diferentes, realizadas na ausência de uso de remédios anti-hipertensivos.
O Ministério da Saúde indica que pessoas acima de 20 anos confiram a PA pelo menos uma vez ao ano. Segundo as DBHA, qualquer profissional de saúde capacitado pode realizar essa verificação – que pode ser feita em casa também, com o auxílio de dispositivos eletrônicos.
Existem ainda exames feitos em laboratório, como a Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) e a Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA), que contribuem para o monitoramento.
Para quem tem dúvidas sobre possíveis quadros de hipertensão, ter acesso ao Cartão dr.consulta pode ser uma excelente forma de receber o apoio de especialistas, como o cardiologista.
Quem recebe o diagnóstico pode ainda aderir ao programa Viva Bem, que oferece suporte e orientações sobre o cuidado com hipertensão, diabetes e colesterol alto (dislipidemia).
Paciente nem sempre tem sintomas
Um dos desafios do rastreio e controle da pressão alta está no fato de que ela pode ser assintomática na maioria das pessoas. Ainda assim, a SBH indica alguns sinais que o corpo manifesta em casos mais preocupantes ou prolongados, quando não tratados:
- dor de cabeça (cefaleia);
- vômito;
- falta de ar;
- agitação;
- zumbidos;
- tontura;
- visão embaçada.
Existem casos de manifestações como cefaleia, sangramento do nariz, tontura, rubor facial e cansaço que, embora muitas vezes sejam associados à condição hipertensiva, nem sempre tem a condição como causa.
Hipertensão é uma condição multifatorial
Isso significa que não há uma causa única, mas sim um conjunto de fatores fisiológicos (do funcionamento do organismo), comportamentais e condições associadas que favorecem a pressão alta, como explicam as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. São eles:
- genética (cerca de 30% a 50% dos casos são hereditários);
- idade (segundo a SBH, mais de 50% das pessoas acima de 60 anos têm pressão alta);
- sexo biológico (mais comuns em homens mais jovens, e em mulheres acima dos 60 anos);
- etnia (sabe-se que a ocorrência é maior em negros. No Brasil, porém, essa prevelência não é significativa);
- sobrepeso e obesidade;
- ingestão em excesso de sódio (encontrado em alimentos e no sal de cozinha);
- sedentarismo;
- diabetes;
- estresse;
- hipotireoidismo e hipertireoidismo (redução e aumento da produção de hormônios da tireoide, respectivamente);
- colesterol alto;
- consumo de álcool;
- tabagismo;
- apneia obstrutiva do sono;
- síndrome de Cushing (condição metabólica provocada por altos níveis de cortisol por longo período);
- fatores socioeconômicos (dificuldade de acesso e adesão a uma dieta saudável);
- uso de determinados medicamentos (antidepressivos, descongestionantes nasais e anti-inflamatórios) e substâncias ilícitas.
Embora esses fatores aumentem a possibilidade de quadros hipertensivos, vale lembrar que qualquer pessoa pode ser afetada, sem que nenhum grupo populacional esteja isento. Por isso, é importante monitorar e investigar o quadro.
Eventos que colocam o paciente em risco
A elevação da pressão arterial preocupa pelas chances aumentadas de complicações como acidente vascular cerebral (AVC), infarto, aneurisma e insuficiência renal e cardíaca – condições que prejudicam o funcionamento do corpo e podem levar ao óbito.
Existe ainda o perigo da chamada hipertensão gestacional, caracterizada pela elevação da pressão da gestante para valores acima de 140/90 mmHg.
Conforme explica a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), as síndromes hipertensivas, em especial a pré-eclâmpsia, oferecem prejuízos à saúde da gestante e do feto.
Prevenção e controle da PA
O Ministério da Saúde e a DBHA recomendam a adoção de hábitos que contribuem para manter a pressão em níveis considerados ideais. Entre eles:
- manter um peso corporal adequado;
- praticar atividade física regularmente;
- evitar abuso de sal e de outros produtos com excesso de sódio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha o consumo de até 5g de sal (ou 2g de sódio) por dia.
- não fumar;
- evitar o consumo de café;
- controlar o estresse;
- consumir bebidas alcoólicas com moderação;
- evitar alimentos gordurosos e priorizar uma dieta saudável e equilibrada;
- controlar o diabetes.
Quando necessário, o tratamento da hipertensão também pode incluir medicamentos específicos, mas é importante lembrar que apenas o médico deve prescrever esses remédios. A automedicação é desaconselhada e implica em riscos.
Embora a hipertensão não tenha cura, ela pode ser controlada, proporcionando uma vida longa e com qualidade para quem adota essas práticas.
Fontes:
- Brazilian Journal of Food Technology;
- Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial;
- Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia;
- Organização Pan-Americana da Saúde;
- Sociedade Brasileira de Hipertensão – Esclarecimentos da Sociedade Brasileira de Hipertensão; para todos os profissionais de saúde sobre as Diretrizes Europeias de Hipertensão 2024;
- Sociedade Brasileira de Hipertensão – O que é hipertensão?;
- Universidade Federal de Minas Gerais.