Saiba mais sobre a síndrome do coração partido

A síndrome do coração partido, também conhecida como síndrome de Takotsubo ou cardiomiopatia induzida por estresse, é uma condição transitória (ou seja, temporária) que afeta a função do coração. Ela costuma ocorrer após episódios de forte abalo emocional, algo a que todos estão sujeitos.

Mais comum em mulheres acima dos 40 anos (que respondem por mais de 90% dos casos), ela se apresenta de forma semelhante a um infarto, exigindo atenção médica imediata. A seguir, estão listadas informações sobre os principais sintomas, os métodos de diagnóstico e as soluções para proteção mais eficazes.

O que caracteriza a síndrome do coração partido

Trata-se de uma alteração súbita no funcionamento do músculo cardíaco, geralmente provocada por picos de estresse. Embora esse possa ser um fator, a disfunção não tem necessariamente relação com uma desilusão amorosa.

Seja como for, nesses momentos de tensão, o corpo libera grandes quantidades de adrenalina e outros hormônios que afetam diretamente o sistema cardiovascular.

Essa resposta eventualmente gera uma variação momentânea no trabalho do ventrículo esquerdo (uma estrutura essencial do órgão). Em resumo, ele é responsável pela dinâmica que impulsiona o sangue.

Entre os gatilhos emocionais mais vinculados a tal descompasso estão situações relativamente comuns que incluem:

• dificuldades financeiras;
• diagnóstico de condições de saúde severas;
• conflitos familiares;
• períodos de luto;
• separações amorosas;
• pressões no ambiente de trabalho.

Os dados são escassos, mas a American Heart Association acredita que episódios do gênero respondem por entre 1% e 2% de todos os casos que atingem indivíduos com queixas cardiológicas agudas.

De onde vem o termo Takotsubo?

Tem origem japonesa e significa “armadilha para polvo“. O nome foi adotado porque, durante os exames de imagem, o ventrículo esquerdo do coração de quem é afetado assume um formato semelhante a esse utensílio tradicional usado no Japão com base arredondada e gargalo estreito. E é utilizado para a pescaria desses animais.

A denominação coincide com o fato de que o distúrbio foi descrito pela primeira vez por médicos japoneses na década de 1990.

Sinais e sintomas que podem indicar a síndrome do coração partido

Muitos dos incômodos iniciais são parecidos com os do infarto agudo do miocárdio. Logo, é esperado que sejam notadas queixas como:

• dor intensa e súbita no peito;
• falta de ar;
• tontura e náuseas;
• sensação de desmaio;
• fadiga;
• vômitos ocasionais.

Esses desconfortos não devem ser ignorados. Caso apareçam, é fundamental procurar atendimento médico com urgência. A assistência precoce ajuda a evitar complicações e contribui para a recuperação mais rápida.

Como é feito o diagnóstico dessa alteração cardiovascular

Diante da eventual gravidade, a avaliação inicial busca descartar o infarto. Para isso, a consulta inclui exame clínico, análise do histórico do paciente e realização de procedimentos como eletrocardiograma, ecocardiograma e dosagem de marcadores cardíacos.

Na sequência, se não houver evidências de obstrução nas artérias coronárias, a presença da síndrome de Takotsubo costuma ser considerada.

Nessa condição, o coração apresenta distúrbio na contração temporariamente, mas sem um bloqueio. Para confirmar a hipótese, podem ser solicitadas diversas avaliações. As mais relevantes são:

• eletrocardiograma, que avalia a atividade elétrica cardíaca;
• ecocardiograma, que permite verificar o formato e a contração dos ventrículos;
• exames de sangue, que detectam enzimas liberadas diante de lesões no tecido;
• angiografia coronariana, que avalia a presença de (ou permite descartar) obstruções arteriais;
• ressonância magnética, que capta imagens com alta precisão e é usada para confirmar alterações estruturais.

A solicitação e a interpretação de cada um desses procedimentos devem ser feitas, preferencialmente, por um cardiologista.

Ele é o especialista capacitado para entender com profundidade interferências no funcionamento de coração, veias e artérias.

As indicações de tratamentos mais utilizados

Por ser uma enfermidade passageira, as abordagens necessárias para a recuperação são focadas na estabilização da função cardíaca. A conduta para isso costuma incluir:

• uso de medicamentos para controle da pressão arterial, da frequência das batidas ou para impedir a consolidação de placas de gordura nas paredes das artérias;
• monitoramento cardiológico periódico, como novas visitas ao cardiologista, inclusive para repetir avaliações e checar a progressão do quadro;
• acompanhamento psicológico ou psiquiátrico apropriado, que permite trabalhar melhor as questões de fundo emocional;
• repouso adequado, para proporcionar um “descanso” para o coração.

As perspectivas de melhora são boas e complicações graves são raras. Parte do tratamento pode ser mantido no longo prazo e é provável que o médico reforce a necessidade de mudanças no estilo de vida, sobretudo para controlar o estresse.

Quem assina o Cartão dr.consulta passa por atendimentos com cardiologistas, psicólogos e psiquiatras com acesso facilitado, garantindo consultas e exames sempre com preços diferenciados.

Além disso, ele permite receber suporte multidisciplinar para tirar dúvidas com profissionais de saúde, inclusive por meio de consultas de enfermagem.

A importância da prevenção no cuidado com corpo e mente

A Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) e o Ministério da Saúde reforçam a recomendação de que manter uma rotina equilibrada e praticar exercícios físicos regularmente é uma ação indispensável para atingir isso.

Tal hábito auxilia no manejo da tensão, melhora a circulação e fortalece o sistema cardiovascular. Além disso, impacta positivamente o bem-estar psíquico, colaborando para a redução dos gatilhos emocionais.

Se feita em grupo, ainda é um excelente meio para reforçar laços sociais e consolidar redes de apoio. Esse tipo de suporte é indispensável para atravessar períodos de instabilidade, que são fatores de risco não só para esse tipo de complicação, como também para diversos transtornos de saúde mental.

Pequenos intervalos (de meia hora por dia, por exemplo), já podem ser suficientes. Além disso, vale sempre ter em mente a ideia de que é melhor qualquer movimento para reduzir o tempo de sedentarismo (subir e descer escadas, caminhar até o ponto de ônibus etc.) do que nenhum.

Como começar a se exercitar com segurança

Algumas recomendações são valiosas para incluir os exercícios físicos no dia a dia de maneira saudável e constante. Entre elas estão:

• escolher um espaço seguro, organizado e confortável para aumentar a motivação para realizar atividades físicas em casa ou ao ar livre;
• optar por uma modalidade prazerosa, uma vez que isso amplia o envolvimento com a prática e reduz a chance de desistir dela depois de alguns dias;
• criar metas realistas, com objetivos de curto prazo (como caminhar três vezes por semana) para então ir progredindo lentamente;
• respeitar limites, nem que isso signifique diminuir a intensidade e a frequência das repetições.

Além de contribuir para a prevenção da síndrome de Takotsubo, movimentar regularmente o corpo gera efeitos positivos em outras áreas da vida, promovendo ganhos como:

• aumento da autoestima;
• redução do impacto sobre a qualidade de vida de episódios estressantes;
• melhoria na percepção das próprias capacidades;
• regulação do sono;
• melhora do humor;
• ajuste da pressão arterial, da glicemia e do colesterol.

Qualquer esforço físico regular deve ser iniciado preferencialmente com orientação de um especialista, principalmente diante de alguma restrição. Na dúvida, cabe conversar com um profissional de saúde para adequar a prática às possibilidades de cada pessoa.

Independentemente de tudo isso, a síndrome do coração partido é mais uma lembrança de como é impossível separar bem-estar físico e emocional. Ambos precisam estar em dia para uma qualidade de vida verdadeiramente integral.

Fontes:

• Arquivos Brasileiros de Cardiologia;
• Arquivos Brasileiros de Cardiologia;
• Harvard Medical School ;
• Ministério da Saúde;
• National Library of Medicine;
• Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.