Depressão pós-parto merece atenção. Saiba quais os sinais
Muitos sentimentos florescem durante a gravidez e após o nascimento do bebê. Com eles, também podem surgir algumas condições de saúde que não devem ser deixadas de lado — a depressão pós-parto é uma delas.
Segundo um estudo feito pela Fiocruz, mais de 25% de mães brasileiras foram diagnosticadas com o quadro no período de seis a 18 meses após o nascimento do filho.
Para um tratamento correto, é necessário entender quais são seus sinais e aprender a diferenciá-la de outras condições — que também podem estar presentes após a gestação. Acompanhe o conteúdo e entenda mais sobre o assunto.
O que é depressão pós-parto e como ela é causada?
Primeiramente, é preciso conseguir separar a depressão pós-parto de uma tristeza ou melancolia passageiras, que podem vir de uma insegurança qualquer em relação à criação da criança.
É normal que a mulher se sinta frágil ou triste nas primeiras semanas após dar à luz, já que é um período de importantes mudanças hormonais. Porém, após esse primeiro momento, é importante ficar atenta ao prolongamento dessas sensações.
A depressão pós-parto é uma combinação de fatores genéticos, hormonais e ambientais, podendo durar de meses a anos, se não tratada, e até evoluir para maior gravidade do caso.
Em um âmbito geral, a condição leva a uma falta de energia crônica para realizar até atividades mais simples do dia, como tomar banho, além de dificuldade em cuidar do bebê.
Quando esse sentimento se prolonga, é importante procurar um profissional, como o psicólogo, para que o tratamento adequado seja iniciado.
Fatores que podem influenciar no surgimento do quadro
Qualquer mãe pode ter depressão pós-parto, mas algumas condições ou situações também podem influenciar no desenvolvimento da patologia:
- falta de apoio da família, parceiro e amigos;
- estresse, problemas financeiros ou familiares;
- limitações físicas anteriores, durante ou após o parto;
- histórico familiar de depressão ou outros transtornos mentais;
- tem ou já teve transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM) — um quadro mais intenso que a tensão pré-menstrual (TPM);
- ser vítima de violência doméstica.
São fatores de risco também: histórico pessoal de depressão, depressão pós-parto ou psicose pós-parto em outras gestações, e transtorno bipolar. Para esses casos, o Ministério da Saúde (MS) recomenda o acompanhamento médico, com psicólogo ou psiquiatra, antes mesmo dos sintomas começarem.
Quais os sintomas?
Durante a depressão pós-parto é comum sentir:
- tristeza constante;
- falta de energia para realizar atividades da rotina;
- rejeição ao bebê;
- insegurança;
- sentimento de que não é capaz de criar o filho;
- irritabilidade excessiva;
- vontade de chorar a todo o momento;
- perda do bom humor;
- preocupação excessiva com a própria saúde;
- alterações no sono, como dormir de mais ou ter insônia;
- oscilações na fome (comer de mais ou perder o apetite)
- ansiedade;
- ideações de morte.
Em casos raros (mais comum em mulheres com bipolaridade), a depressão pós-parto pode evoluir para psicose pós-parto com sintomas como confusão mental e alucinações — que podem ser visuais, auditivas ou olfativas.
Apesar de ser um momento difícil, é importante saber reconhecer esses sinais e, se necessário, buscar ajuda de um psicólogo ou psiquiatra.
Isso vale também para pessoas próximas à mulher. Ou seja, se perceber esses sintomas em alguém que foi mãe recentemente, estimule-a procurar um médico.
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Como diferenciar de baby blues?
O baby blues é uma condição comum em mães que acabaram de ter seus filhos e pode ser confundida com a depressão pós-parto, pois também podem gerar sentimentos como tristeza e irritabilidade na mulher.
Seus sintomas incluem choro fácil, mudanças de humor e uma sensação de inadequação, mas não afetam significativamente o vínculo afetivo com o bebê — diferente da depressão pós-parto.
Além disso, esse quadro pode surgir nos primeiros dias após o nascimento do filho, mas costuma não durar mais do que 15 dias. Claro, que cada pessoa é única, então pode ser que esse estado de saúde se prolongue mais.
Durante essa fase, ter uma rede de apoio é essencial. Por isso, não tenha vergonha de pedir ajuda: lembre-se, esse é um ato de amor-próprio e, ainda, cuidado com seu bebê.
Para familiares e amigos: mesmo que a mãe não peça, ofereçam apoio e uma escuta ativa para que ela consiga se acolher, se organizar e o mais importante: cuidar da saúde.
Quais são os tratamentos existentes?
Assim como uma depressão comum, a depressão que vem após o parto precisa ser diagnosticada por um psicólogo ou psiquiatra. Após análise, o profissional da saúde conduzirá o tratamento, que muitas vezes envolve psicoterapia e medicação.
Terapia
Essa forma de tratamento é uma grande aliada na cura da depressão. Nas sessões, a paciente conversa com o profissional, expõe seus problemas, trabalhando sempre no seu ritmo, sem que sinta invadida ou pressionada.
A terapia pode ser feita sozinha ou em conjunto com o uso de medicamento — o que vai depender da análise feita pelos profissionais de saúde.
Medicação antidepressiva
A maioria dos medicamentos antidepressivos atua quimicamente no cérebro, inibindo a recaptação de serotonina nas sinapses cerebrais — substância considerada como responsável pela sensação de bem-estar — nas doses certas.
Dessa maneira, o paciente administra o remédio por um período determinado pelo médico para diminuir ou extinguir os sinais da depressão.
Após determinado tempo de tratamento, o psiquiatra começa a reduzir delicadamente as doses para que o corpo não sinta a mudança abrupta, até que o cérebro esteja reeducado na produção e captação de serotonina sem a ajuda dos medicamentos. É importante ressaltar que somente um profissional de Psiquiatria pode receitar esses remédios.
O que acontece se não tratar?
Caso a depressão pós-parto não seja tratada, ela pode se tornar crônica. Além disso, a condição pode afetar a criança no seu desenvolvimento social, afetivo e cognitivo, e sequelas prolongadas na infância e adolescência.
É possível prevenir a depressão pós-parto?
Não existe uma única causa conhecida para depressão pós-parto e o seu diagnóstico pode estar associado a diversos fatores físicos, emocionais, estilo, qualidade de vida, entre outros.
No entanto, existem alguns cuidados que a mulher pode adotar para ajudar na prevenção do quadro. Os principais são:
- dormir e se alimentar bem;
- praticar exercícios físicos;
- evitar o isolamento;
- ficar longe de álcool, cafeína e drogas. Medicamentos só devem ser usados se prescritos por médicos.
Ter um tempo de qualidade para você e para adotar alguns desses cuidados pode ser difícil quando é mãe, pois o bebê e outras tarefas podem “lotar sua agenda”. Mas, mais uma vez é importante ressaltar: peça ajuda.
Não há vergonha nenhuma nisso e é necessário para manter a sua saúde física e mental.
Fontes:
[…] própria depressão pode reduzir a atenção, a velocidade com que o cérebro processa as coisas e a memória. […]