Como o estrogênio impacta a saúde da mulher
O estrogênio é amplamente reconhecido pelo seu papel essencial no aspecto sexual e reprodutivo do organismo feminino. No entanto, sua ação vai muito além disso, interferindo em outros mecanismos essenciais ao bem-estar como um todo.
Dessa forma, vale a pena explorar em detalhes cada fator influenciado pela concentração desse hormônio, entender o que pode fazê-lo oscilar para cima ou para baixo e de que forma é possível acompanhar isso.
Onde o estrogênio atua dentro do corpo
Junto da progesterona, a produção das diferentes formas desse hormônio (a mais comum delas é o estradiol) se dá, sobretudo, a partir dos ovários.
Tal processo se acentua na puberdade. É nesse momento da vida da menina (que se inicia por volta dos 11 ou 12 anos) que as características físicas femininas dão as caras e iniciam a fase reprodutiva do organismo da mulher. Entre as principais alterações desta fase estão:
- desenvolvimento das mamas;
- crescimento dos pelos pubianos e na axila;
- início dos ciclos menstruais regulares;
- regulação do desejo sexual;
preparação do corpo para uma possível gestação, por meio da liberação dos óvulos e do espessamento do revestimento do útero para abrigar um possível feto.
Esse hormônio também se faz presente em outras funções que não necessariamente têm relação com a vida íntima da mulher. Entre os que mais chamam a atenção, estão:
- absorção de cálcio pelos ossos, garantindo que eles se mantenham firmes e fortes e ajudando a prevenir condições que possam afetar sua densidade adequada, como a osteoporose;
- bom funcionamento do coração e da circulação do sangue, já que facilita seu fluxo pelos vasos sanguíneos;
- desempenho de papel essencial no metabolismo do colesterol, contribuindo no controle da gordura saudável e ruim dentro do corpo.
No mais, acredita-se que este hormônio tenha influência na boa condição da pele (garantindo sua elasticidade por mais tempo), na cognição e no humor. Assim, baixos níveis poderiam prejudicar a memória, a concentração ou gerar sintomas depressivos e ansiosos.
A saúde hormonal dos homens
Em menor quantidade, o corpo masculino também produz essa substância, mediante a atividade dos testículos. Além dos aspectos já citados, ele também influencia em alguns fatores associados à saúde sexual do homem, desde que um equilíbrio adequado seja mantido.
Dessa forma, a presença do estrogênio acima ou abaixo do adequado pode prejudicar a libido e a infertilidade e afetar a produção de outros hormônios, como a testosterona (esse o responsável pelas características sexuais masculinas desenvolvidas a partir da puberdade nos meninos).
O que provoca esse sobe e desce
Na prática, qualquer condição que atinja a ação dos ovários pode afetar a concentração das versões desse hormônio. No entanto, vale ter em mente que determinadas flutuações não são só esperadas, como completamente normais. Exemplo maior disso são o ciclo menstrual e a menopausa.
Estrogênio no ciclo menstrual
A cada momento desses cerca de 28 dias, a proporção do elemento muda. Em resumo, ela tende a aumentar nas duas primeiras semanas, enquanto prepara o corpo para liberar um óvulo e recebê-lo posteriormente fecundado no útero.
Quando esse ponto é atingido, o estrogênio cai. A progesterona, outro hormônio sexual feminino, tende a subir. Se não houver a fecundação, a liberação de ambas as substâncias regride até a menstruação. Nessa etapa, o corpo elimina o revestimento do útero que havia se preparado para uma eventual gravidez.
Por conta disso, os dias antes da descida da menstruação podem ser complicados. Eles apresentam sintomas que vão desde irritação e tristeza até queda na autoestima. Esse conjunto de desequilíbrio é chamada de tensão pré-menstrual (ou TPM).
Estrogênio na menopausa
A partir de certa idade, que pode oscilar entre os 45 e os 55 anos, o corpo da mulher perde pouco a pouco a capacidade de produzir o estrogênio, limitando a liberação apenas na versão chamada de estrona. Ela tem atuação menos eficiente na fisiologia feminina.
Como consequência, os ciclos menstruais se tornam irregulares e deixa de haver a liberação de óvulos. Em determinado momento, a menstruação é interrompida completamente. Tal fenômeno acontece dentro do chamado climatério, que coincide com uma série de desconfortos capazes de comprometer a qualidade de vida da mulher. Entre os mais característicos estão:
- as ondas de calor e os chamados fogachos noturnos;
- alterações no ritmo do sono;
- secura vaginal e outras disfunções sexuais, como redução do desejo ou dores durante as relações;
- mudanças de humor;
- aumento do risco de incontinência urinária;
- enfraquecimento do osso, muitas vezes gerando quadros de osteoporose;
- variações de distribuição da gordura pelo corpo e elevação do peso;
- problemas de saúde mental e prejuízos à memória;
- determinados tipos de comprometimento cardiovascular, aumentando a chance de complicações cardíacas.
Outras causas para o nível baixo
Muitas vezes o prejuízo na concentração tem como causa algum tipo de disfunção capaz de prejudicar sua liberação. Chegar a tal conclusão depende da avaliação cuidadosa de um ginecologista ou de um endocrinologista. No entanto, isso pode envolver:
- disfunções em outras glândulas, como a tireoide e a pituitária;
- excesso de exercícios físicos;
- transtornos alimentares, que comprometem a manutenção de uma nutrição adequada;
- condições genéticas ou autoimunes que prejudicam o trabalho dos ovários;
- mudanças no metabolismo causadas por condições como a doença renal crônica;
- diagnóstico da síndrome de Turner e outras enfermidades relativamente raras associadas aos cromossomos.
Explicações para os níveis altos
Se um nível baixo é ruim, o mesmo vale para quando sua presença sobe de forma inesperada. As possíveis causas para isso englobam:
- quadros de puberdade precoce;
- uma gravidez;
- síndrome do ovário policístico;
- uso de medicamentos que contenham versões do estrogênio (como anticoncepcionais);
- acúmulo de gordura corporal.
Não é raro que o volume excessivo do componente cause agravamento de quadros de TPM ou aumente a intensidade do fluxo menstrual. No mais, o Instituto Nacional do Câncer aponta que a exposição exagerada a ele eleva o risco de câncer de mama.
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O acompanhamento e controle dos níveis hormonais
A avaliação desse hormônio no organismo acontece por meio da medição do estradiol, uma de suas formas ativas. O caminho para isso é simples e depende apenas da coleta de uma amostra de sangue depois de um jejum de quatro horas.
Na menopausa, isso pode ser feito por meio da terapia de reposição hormonal. Como o nome sugere, ela complementa o hormônio que deixou de ser produzido e ajuda a diminuir os sintomas comuns do período. Entretanto, tal opção pode ser contraindicada em alguns casos (como em mulheres com histórico familiar de câncer).
Em mulheres que ainda não chegaram nessa etapa da vida, o uso de anticoncepcionais costuma ser outra opção para o devido ajuste. Assim, diferentes versões da pílula podem ser prescritas para amenizar a TPM ou controlar a síndrome do ovário policístico, por exemplo.
Por fim, mudanças no estilo de vida, como a manutenção de uma dieta equilibrada, a manutenção de um peso saudável e a prática de exercícios, podem complementar o tratamento. Além do ajuste no estrogênio, tais hábitos podem melhorar outros fatores associados ao bem-estar e à longevidade.
Fontes:
- American Journal of Clinical Dermatology;
- Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia;
- Biblioteca Virtual em Saúde;
- Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia;
- National Library of Medicine;
- Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia;
- Universidade Federal do Rio Grande do Sul.