Como cuidar da saúde física e mental na puberdade

A transição da infância para a adolescência é uma fase repleta de desafios e mudanças que podem impactar a vida inteira.
Definida como um conjunto de transformações que ocorrem em todo o corpo, a puberdade é um período complexo, mas pode tornar-se mais tranquila com cuidados adequados à saúde.
O que acontece com o corpo na puberdade
As alterações físicas desse momento acontecem, principalmente, devido à ação dos hormônios sexuais, cuja concentração aumenta significativamente. Alguns dos sinais mais comuns nos primeiros estágios, de acordo com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), incluem:
- aparecimento do broto mamário (em meninas), podendo ser uni ou bilateral e causando desconfortos;
- primeira menstruação;
- aumento dos testículos e do pênis;
- crescimento dos pelos na região íntima (espalhando-se até a coxa) e na axila;
- surgimento dos primeiros pelos no rosto dos meninos;
- acne;
- odor mais forte nas axilas;
- estirão de crescimento, especialmente nas mulheres;
- oscilações na voz.

Quando ocorre a puberdade precoce e tardia
Normalmente, o corpo feminino passa por essas transformações mais cedo, entre 8 e 13 anos, enquanto o masculino entre 9 e 14 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Porém, em alguns casos, elas se iniciam antes das idades determinadas, o que é chamada de puberdade precoce, podendo ser causada por:
- produção antecipada dos hormônios sexuais ou exposição a algum deles por meio de medicamentos;
- obesidade;
- histórico familiar de menstruação materna (em meninas).
A puberdade tardia, por outro lado, se caracteriza por mudanças após a faixa etária esperada, duração de mais de quatro anos do período ou quando o intervalo entre um estágio puberal e outro ultrapassa dois anos.
Na maioria dos casos, o atraso acontece por uma deficiência na produção hormonal, especialmente no hipotálamo e na hipófise (encontrados no cérebro). Outros fatores e condições que podem provocá-lo são:
- lesões no sistema nervoso (causados por tumores e infecções) e/ou na região genital;
- uso de alguns remédios;
- fatores genéticos;
- síndromes (Prader-Willi, Turner e Noonan);
- desnutrição grave;
- diabetes;
- hipotireoidismo;
- câncer.
É preciso tratamento?
Aplicações de hormônios podem ser recomendadas para uma regulação geral. Na precoce, isso permite que o desenvolvimento dos ossos ocorra no tempo adequado e na tardia evita a redução da densidade óssea e impactos na fertilidade.
No entanto, nem sempre há necessidade de intervenção. Por isso, o acompanhamento pediátrico é essencial para avaliar as transições físicas e funções bioquímicas das crianças.
O Cartão dr.consulta é um benefício que possibilita o acesso a diferentes exames e especialistas em saúde infantil com valores vantajosos e atendimento de alta qualidade.
Somado a isso, o paciente pode ser incluído no programa Crescendo Saudável, que oferece suporte e orientações aos pais por um time multidisciplinar e consultas on-line de enfermagem.

Saúde mental na adolescência merece atenção da família toda
Os casos de atraso na puberdade podem desencadear distúrbios psicológicos e dificuldade de socialização, como aponta a SBP, que são fatores prejudiciais ao bem-estar psicológico.
Mas o aceleramento da maturação de meninos e meninas também causa impactos, indica a Secretaria de Saúde Estadual do Ceará, podendo estar relacionado a quadros de baixa autoestima, ansiedade, depressão, isolamento social e bullying.
Atualmente, 16% dos diagnósticos realizados entre 10 e 19 anos são referentes a transtornos mentais, aponta a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
A entidade internacional ainda ressalta que metade de todas as condições começam aos 14 anos, sendo que a maioria não é identificada ou tratada.
Desse modo, é importante que pais e cuidadores estejam atentos à rotina escolar, relações sociais e emoções dos filhos para identificar sinais de alerta e buscar apoio profissional quando necessário.
Outros cuidados recomendados
Auxílio médico
Diante das modificações físicas, as consultas com o pediatra, que cuida de crianças e adolescentes, precisam ser mantidas até a transição para a fase adulta.
Além disso, as meninas devem iniciar o acompanhamento com o ginecologista, principalmente após a primeira menstruação. Já os meninos podem ser orientados por um urologista.
Vacinação em dia
É fundamental que a imunização esteja sempre atualizada independentemente do período da puberdade. Mas, entre as principais doses e reforços aplicados nessa fase, está a vacina contra o HPV (Papilomavírus humano) – vírus transmitido pelo sexo e cuja infecção aumenta a chance de câncer de colo do útero em mulheres.
Educação sexual e sobre identidade de gênero
Inserida na adolescência, a puberdade também marca o primeiro contato dos jovens com conversas e sensações relacionadas à sexualidade.
Por isso, é crucial que os pais, responsáveis e profissionais que o acompanham discutam abertamente, didaticamente e sem tabus, temas como:
- relações e uso de preservativos;
- infecções sexualmente transmissíveis;
- gravidez não planejada;
- violências às quais eles podem estar suscetíveis.
Em relação à identidade de gênero, a SBP enfatiza os cuidados necessários com a disforia de gênero – termo usado para descrever o sofrimento mental relacionado à discordância entre o sexo que a pessoa se reconhece e o de nascimento.
Normalmente, ela se expressa por meio de sinais como:
- resistência em vestir ou brincar com itens culturalmente associados às características biológicas;
- sintomas de ansiedade e/ou depressão;
- episódios de automutilação;
- isolamento social.
Muitas vezes, esses jovens são alvos de bullying, rejeição, violência física ou verbal e necessitam de apoio familiar e de um acompanhamento de especialistas.
Mas, como explica a SPB, o tratamento está voltado para os impactos emocionais e psicológicos e não para a identidade de gênero em si.
Em conclusão, a puberdade é um período marcado por muitas descobertas e transformações importantes que mexem com o corpo físico e os sentimentos das crianças. Porém, é possível proporcionar mais bem-estar e conforto com acolhimento e orientações médicas adequadas.
Fontes:
[…] 3 anos até o início da puberdade: é esperado que uma criança normal cresça em torno de 5 (cinco) a 7 (sete) centímetros por ano. […]
[…] puberdade marca a primeira visita ao ginecologista e a primeira consulta ginecológica. É na fase entre os 9 […]