Características e impactos da síndrome metabólica no corpo

Dados publicados em 2020 na revista Ciência & Saúde apontam que cerca de 38% da população adulta brasileira tem a chamada síndrome metabólica. Em linhas gerais, isso equivale a quase 4 entre 10 indivíduos acima dos 18 anos.
Essa disfunção está profundamente associada ao estilo de vida, com evolução silenciosa desencadeada por uma série de desequilíbrios crônicos. Dessa forma, entender melhor o quadro e formas de preveni-lo é essencial para uma vida mais saudável.
As peculiaridades da síndrome metabólica
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) destaca que essa é uma alteração que reúne debaixo do mesmo guarda-chuva uma série de modificações no organismo. Ela aumenta o risco de diabetes, alterações cardiovasculares ou mesmo derrames.
Síndrome é o nome dado a condições clínicas que reúnem diversos sinais e sintomas, muitas vezes com causas variadas. Embora não sejam sinônimos, tal disfunção metabólica está vinculada à obesidade, caracterizada por um Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30.
Na prática, os fatores mais evidentes estão associados à resistência insulínica. Insulina é o nome dado a um hormônio produzido pelo pâncreas cuja principal função é ajustar a glicose no sangue.
Portanto, quando uma pessoa ingere alimentos ricos em açúcar (responsável por fornecer energia ao corpo), é a insulina que sinaliza às células a disponibilidade dessa fonte energética.
No entanto, com o tempo, o corpo pode passar a produzir menos ou perder a capacidade de aproveitar a substância (como se houvesse redução na sensibilidade).
Desse modo, o controle do açúcar circulando pela corrente sanguínea fica mais difícil. Em um primeiro momento, esse é um ponto central da síndrome metabólica. No longo prazo, essa é a causa do diabetes tipo 2.

Fatores que compõem a síndrome metabólica
De acordo com os critérios nacionais definidos pela diretriz brasileira sobre o tema, um documento de referência médica, considera-se que uma pessoa apresenta o quadro quando ela manifesta pelo menos três das cinco características:
- acúmulo de gordura abdominal;
- pressão alta;
- glicemia alterada;
- altos níveis de triglicerídeos;
- colesterol descompensado.
A síndrome metabólica tende a se tornar mais comum à medida que os anos passam. Indivíduos acima dos 40 anos são os mais atingidos, mas isso não torna as crianças imunes ao quadro. Além disso, o mesmo artigo aqui citado ressalta que essa é uma alteração mais presente em mulheres.
Acúmulo de gordura abdominal
Também chamada de obesidade central, considera a circunferência da cintura de acordo com o gênero. Assim sendo, são tidos como preocupantes valores superiores a 88 centímetros na mulher e 102 cm no homem.
Pressão alta
A hipertensão arterial ocorre quando o sangue exerce força demais contra as paredes dos vasos, veias e artérias. A aferição é realizada em dois parâmetros:
- a pressão arterial sistólica, quando o número mais alto está igual ou maior que 135 mmHg (lê-se milímetros de mercúrio);
- e a pressão arterial diastólica, em que número mais baixo é igual ou maior que 85.
Na linguagem popular, isso equivale à pressão 13 por 8. Nesses casos, esse é um critério para a presença da síndrome metabólica. Se a pessoa já toma medicamentos para hipertensão, isso também conta.
Glicemia alterada
Valores da concentração de açúcar no sangue iguais ou superiores a 110 mg/dl em estado de jejum é o principal sinal de alerta nesse aspecto. Adicionalmente, um diagnóstico de diabetes é outro elemento relevante para compor o quadro.
Altos níveis de triglicerídeos
Esse é o nome dado a um tipo de gordura que o corpo usa para armazenar energia. Eles são importantes, mas até determinado nível.
Quando sua concentração no sangue é igual ou superior a 150 mg/dl, há o elemento necessário para compor a síndrome metabólica.
Colesterol descompensado
O foco aqui é o HDL, uma forma “boa” de gordura. Nesse contexto, seus níveis não devem ficar abaixo de 40 mg/dl em homens e 50 mg/dl em mulheres.
O Cartão dr.consulta pode ser um aliado na identificação e no manejo de todos esses componentes, oferecendo acesso a diferentes exames e especialidades médicas com comodidade e preços diferenciados.
Quem assina também é incluído em programas de saúde, pode tirar dúvidas com profissionais de saúde e ainda tem acesso a consultas de enfermagem on-line e gratuitas.

O caminho até o diagnóstico da síndrome metabólica
Para avaliação dos fatores de risco e um diagnóstico mais preciso, é recomendável consultar um endocrinologista ou um clínico geral.
Esses profissionais estão capacitados para realizar uma avaliação clínica inicial e dimensionar melhor a presença do quadro.
O primeiro passo envolve o cálculo do peso e das demais medidas corporais, bem como a aferição da pressão arterial. Exames específicos são requisitados na sequência. Os testes indispensáveis são os que avaliam:
Com base nos resultados, o profissional tem as informações necessárias para confirmar a presença de pelo menos três dos critérios mencionados e, por consequência, o diagnóstico da síndrome metabólica.
Se considerar necessário, o médico pode também solicitar outros recursos para avaliar melhor a saúde do coração, como um eletrocardiograma.
Riscos provocados pela presença da síndrome metabólica
Com o passar do tempo, essa série de desarranjos no modo como o organismo trabalha aumenta o risco de diversas complicações. As mais comuns incluem:
- distúrbios cardiovasculares, como infarto do miocárdio, AVC (derrames) e insuficiência cardíaca;
- disfunções metabólicas, associadas à resistência à insulina, diabetes tipo 2 e dislipidemia (colesterol alto);
- comprometimentos hepáticos (acúmulo de gordura no fígado) e cirrose;
- doença renal crônica;
- modificações na estrutura intestinal, que aumentam a chance de diverticulite;
- distúrbios do sono, como a apneia obstrutiva;
- diferentes tipos de câncer (incluindo o colorretal);
- alterações de natureza psiquiátrica, como ansiedade e depressão.
As consequências da síndrome metabólica prejudicando órgãos como o fígado e o intestino precisam ser avaliadas por um gastroenterologista. Esse é o especialista no diagnóstico e no tratamento de comprometimentos que afetam todo o trato gastrointestinal.
Hábitos saudáveis que fazem a diferença na síndrome metabólica
Essa é uma condição que não tem cura. Porém, a adoção de alguns comportamentos ajuda a manter o quadro controlado, amenizando o risco de complicações. A lista de recomendações é composta por:
- optar por uma alimentação saudável;
- fazer atividades físicas regulares;
- adotar técnicas de gerenciamento do estresse;
- deixar cigarro e álcool de lado;
- manter visitas periódicas ao médico.
Adicionalmente, pode ser necessário também o uso de medicamentos (para o controle da glicemia, por exemplo), mas apenas o profissional poderá fazer essa indicação após avaliar cada caso individualmente.
1. Optar por uma alimentação saudável
Uma dieta equilibrada e rica em nutrientes deve ser baseada em frutas, verduras, legumes, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis, como as encontradas no azeite de oliva e nos peixes.
Por outro lado, evitar alimentos ultraprocessados, ricos em sal, açúcares e gorduras saturadas, também é essencial. Nesse sentido, o objetivo é diminuir o consumo de biscoitos recheados, refrigerantes e salgadinhos “de pacote”.

2. Fazer atividades físicas regulares
Praticar exercícios depois de um tempo acostumado com o comportamento sedentário talvez seja desafiador. Mas alguns intervalos diários já colaboram para postergar o agravamento da síndrome metabólica.
A recomendação é acumular pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana. Sendo assim, separando meia-hora todos os dias da semana já é possível atingir a meta estipulada pela Organização Mundial de Saúde.
Caminhadas, corridas, natação e musculação são algumas das alternativas que ajudam a controlar o peso, reduzir a pressão arterial e melhorar os níveis de colesterol.
3. Adotar técnicas de gerenciamento de estresse
Com as obrigações do dia a dia, o sentimento se torna comum. No entanto, quando ele é crônico, pode haver aumento da pressão arterial e níveis elevados de glicose no sangue, contribuindo para o desenvolvimento da síndrome metabólica.
Técnicas de relaxamento, como meditação, yoga e exercícios de respiração, podem ser muito úteis para evitar isso.
Se não encontrar nenhuma medida que ajude, busque ajuda especializada de um profissional de saúde mental, como um psicólogo.
4. Deixar cigarro e álcool de lado
O tabagismo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas estão associados a um maior risco de desenvolver condições cardiovasculares e metabólicas.
Portanto, é recomendado parar com esses dois maus hábitos para garantir melhor qualidade de vida. Apesar de serem dicas sempre mencionadas por especialistas, o esforço para colocá-las em prática vale a pena.
5. Manter visitas periódicas ao médico
O comparecimento regular ao consultório facilita o monitoramento dos níveis de glicose, colesterol e pressão arterial.
Sendo assim, consultar um profissional de saúde para avaliações regulares pode ajudar na detecção precoce e no tratamento adequado dos fatores de risco da síndrome metabólica, além de verificar se as intervenções propostas estão surtindo efeito.
Fontes:
[…] e envolve os órgãos internos, é especialmente perigosa, porque aumenta os riscos associados de doenças metabólicas, como, por […]
[…] resistência à insulina é um dos pilares da síndrome metabólica, caracterizada por um conjunto de cinco fatores que ampliam a chance de outras patologias, […]