O que são, quais são e como tratar os transtornos mentais
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É difícil falar de saúde hoje sem considerar os impactos que os mais variados transtornos mentais têm sobre a vida não apenas de um indivíduo, como de todos aqueles ao seu redor.
Nesse contexto, é fundamental ter ciência do que caracteriza essas condições, de que forma podem ser identificadas e quais as ferramentas disponíveis para aqueles afetados por tais aflições, que atingem pessoas de todos os gêneros, idades e classes sociais. Entenda os impactos dos diferentes transtornos mentais.
A definição do que é um transtorno mental
O modo como cada um se sente, pensa e age é um fator essencial para a interação com o cenário ao seu redor, para a tomada de decisões e para influenciar a trajetória de vida, sempre mirando o bem-estar em todas as suas dimensões (física, emocional, financeira etc.).
No entanto, frente a uma série de fatores, a maneira de encarar as dificuldades do dia a dia pode sofrer perturbações. A partir disso, diversos sinais e sintomas aparecem.
Na prática, a definição mais geral do que são os transtornos mentais inclui as manifestações que trazem alterações significativas na cognição (ou seja, no modo como se percebe o mundo), na regulação emocional ou no comportamento.
Tais estados refletem uma disfunção psicológica, biológica ou em processos que interferem na maneira de agir e no desenvolvimento pessoal. A maioria dos transtornos mentais está vinculada a uma profunda sensação de angústia e gera prejuízos pessoais, familiares ou outras áreas da vida, como relacionamentos, escola e profissão.
A classificação dos transtornos mentais
Existem diferentes quadros de adoecimento psíquico e muitos deles têm pouco em comum. A edição mais recente do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (a quinta, publicada em 2013), uma referência no estudo e na identificação de tais disfunções, reúne mais de 300 complicações de saúde mental.
Alguns dos transtornos são bem conhecidos (inclusive por atingirem um número maior de pessoas), enquanto outros recebem menos destaque público e são agrupados conforme determinadas características:
- transtornos do neurodesenvolvimento, que interferem no aprendizado infantil e incluem o transtorno do espectro autista (TEA) e o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH);
- transtornos psicóticos, como a esquizofrenia;
- transtorno afetivo bipolar e condições relacionadas;
- transtornos depressivos, como a depressão, a depressão pós-parto e a distimia (uma apresentação leve, mas persistente dos sintomas);
- transtornos de ansiedade, incluindo a disfunção generalizada, o transtorno de ansiedade social e o transtorno do pânico;
- transtornos obsessivo-compulsivos (TOC) e outros relacionados;
- transtorno de estresse pós-traumático e demais associados a experiências de estresse intenso;
- transtornos dissociativos, que geram alterações na consciência, memória, identidade etc.;
- transtornos alimentares, como a anorexia e a bulimia;
- transtornos do sono-vigília, que afetam o período de repouso noturno;
- disfunções sexuais;
- manifestações somáticas;
- transtornos de personalidade, como o antissocial e o borderline;
- dependência química ou de adição (vícios).
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O cuidado com o estigma em torno do adoecimento psicológico
As definições do que é um transtorno mental mudam diante de várias circunstâncias. O contexto social e a visão sobre determinados comportamentos fazem com que itens entrem e saiam da lista de diagnósticos praticados nos consultórios.
Em paralelo, as percepções e concepções (muitas vezes equivocadas) a respeito de como uma pessoa com condição do tipo deve parecer ou agir levam a cenários de exclusão e preconceito.
Muitas vezes, até mesmo quem se submete a um tratamento psiquiátrico é alvo de olhares enviesados acerca de suas potencialidades.
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A esse tipo de atitude se dá o nome de psicofobia. Tal discriminação se manifesta dentro da família, na escola, no trabalho e em outros ambientes de convívio social e não raro aparece por meio de comentários que associam a procura por amparo profissional a uma fragilidade ou outro tipo de limitação.
No fundo, essa deficiência de empatia prejudica ainda mais o acolhimento daqueles afetados. Em casos mais graves, essa abordagem os afasta da intervenção adequada e da integração social parte da recuperação.
Um panorama da dimensão dos transtornos mentais no Brasil e no mundo
A já citada OMS aponta que uma em cada oito pessoas no globo vive atualmente com alguma condição de saúde mental. Portanto, se fala em aproximadamente 1 bilhão de indivíduos com alterações psíquicas.
A depressão e os quadros ansiosos ocupam o topo dessa lista. Certas estimativas disponíveis indicam que mais de 300 milhões crianças, homens e mulheres têm um diagnóstico associado à ansiedade, enquanto 280 milhões são afetadas por episódios depressivos. No Brasil, ambas as condições também são a maior preocupação relacionada ao bem-estar psicológico.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em 2017 cerca de 5,8% da população brasileira se encontrava deprimida. Além disso, na época, mais de 9% dos brasileiros tinham algum transtorno de ansiedade.
Considerando o continente americano, o Brasil ficava atrás apenas dos Estados Unidos no cálculo do número de dias vividos com uma incapacidade por conta dos sintomas de oscilação do humor. Essa métrica mede quanto tempo uma pessoa permaneceu com uma saúde abaixo do ideal por conta de uma enfermidade.
Todos esses cálculos ignoram a probabilidade de que muitos não têm o acesso aos meios efetivos para obter o apoio necessário.
Fatores que influenciam a chance de desenvolver um transtorno mental
Salvo raras exceções, não há um mecanismo unificado que explica a evolução de uma condição psiquiátrica.
É por isso que se diz que elas são multifatoriais. Ou seja: surgem a partir da interação de diversos aspectos não apenas relacionados ao indivíduo, como também do ambiente que o cerca, formando uma equação complexa:
- componentes genéticos, uma vez que alguns transtornos mentais são mais comuns quando há um histórico familiar;
- aspectos biológicos, envolvendo disfunções na estrutura do cérebro ou na maneira como ele funciona (a comunicação entre os neurônios ou a deficiência de neurotransmissores, substâncias que atuam no órgão);
- características do local em que se habita, incluindo exposição a situações de violência, pobreza, desamparo, desemprego ou outra circunstância que imponha estresse permanente ou gere um trauma;
- particularidades pessoais, normalmente vinculadas a traços de personalidade que fazem com que se seja mais ou menos suscetível a determinada disfunção;
- abuso de álcool e de drogas (lícitas ou ilícitas);
- desconexão social, que leva ao isolamento e à falta de laços estáveis;
- determinadas condições físicas, que levam a disfunções orgânicas capazes de causar sintomas psíquicos (destacando, por exemplo, complicações na tireoide ou a fibromialgia);
- a presença de uma perturbação clínica grave e/ou debilitante.
Não existe hora certa para procurar ajuda diante da suspeita de um quadro psiquiátrico. Acima de tudo, por ser difícil notar uma disfunção, principalmente quando o estágio é ainda inicial.
Portanto, a partir do momento em que atividades antes pouco desafiadoras se tornam mais difíceis e passa a haver perdas nítidas no cotidiano, é indicado buscar apoio qualificado com psicólogos e psiquiatras.
O processo de diagnóstico dos transtornos mentais
Não há um exame específico para essas queixas. Eventualmente, são solicitadas avaliações neurológicas ou testes de sangue para excluir outras explicações para os sintomas relatados.
Na grande maioria dos casos, o diagnóstico é baseado na avaliação clínica cuidadosa, feita a partir de relatos e do histórico pessoal. Se for o caso, ainda, pode ser solicitada também uma conversa com quem convive com o indivíduo.
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Com todas essas informações, os profissionais de saúde conseguem analisar as mudanças de comportamento e de humor e, diante dos parâmetros atuais, determinar a natureza da queixa e o que deve ser feito para uma abordagem mais adequada.
As formas de suporte mais utilizadas nesses cenários
Uma boa notícia é que a maioria dos transtornos mentais é tratável e. isso devolve a qualidade de vida. Entretanto, às vezes duas pessoas igualmente diagnosticadas respondem diferentemente às terapias sugeridas.
Independentemente de tais oscilações, a maioria dos especialistas concorda que a combinação de psicoterapia e a prescrição de medicamentos surte um resultado melhor do que ações isoladas.
Medicamentos
Os psicofármacos compreendem várias classes de substâncias que ajustam a função cerebral e psíquica, visando assim a resolução das alterações percebidas. Entre os mais utilizados estão:
- antidepressivos (usados também em outros quadros, como ansiedade e transtorno obsessivo-compulsivo);
- ansiolíticos;
- sedativos/hipnóticos (que induzem o relaxamento e o sono);
- estabilizadores de humor;
- antipsicóticos;
- anticonvulsivantes.
A compra desses medicamentos é bastante restrita e depende de prescrições diferenciadas (receitas em duas vias ou talonários azuis), feitas pelo médico responsável pelo acompanhamento. Por consequência, eles não devem ser usados sem a devida supervisão em nenhuma hipótese.
Outro fato é que esses remédios podem demorar semanas para apresentar o efeito desejado. A ausência de melhorias efetivas durante esse intervalo não é motivo para abandonar o uso por conta própria. A utilização é mantida por alguns meses para evitar recaídas ou agravamentos, como a depressão.
Posteriormente, qualquer modificação na substância ou nas doses deve ser feita somente pelo psiquiatra. A ausência de eficácia do receituário ou efeitos colaterais intoleráveis são razões frequentes para isso.
Psicoterapia
Tal recurso é conduzido por um psicólogo, geralmente em sessões semanais (individuais ou em grupo) que duram em torno de uma hora. Para muitos casos, os atendimentos a distância via internet são viáveis e têm resultado equiparáveis às práticas presenciais.
Em linhas gerais, o objetivo é, por meio da fala, entender e modificar padrões de pensamento a partir de técnicas comprovadamente testadas previamente. A psicoterapia é dividida em linhas metodológicas. As mais conhecidas são:
- a terapia cognitivo-comportamental (TCC);
- a psicanálise e suas vertentes;
- a análise do comportamento;
- a gestalt-terapia;
- a abordagem humanística.
Embora existam evidências de que a terapia cognitivo-comportamental ofereça melhores resultados em diversos quadros, esse não é o único fator a ser levado em conta na escolha do psicólogo.
Em princípio, o analisado tem que se sentir confortável dentro do contexto psicoterapêutico e compreender quais são os objetivos traçados na busca da melhoria das queixas apresentadas. Para isso, talvez seja necessário experimentar mais de uma linha até encontrar aquela que atende às especificidades de cada um.
Lembre-se: o apoio psicológico é útil mesmo para quem não tem nenhum diagnóstico psiquiátrico.
Medidas adicionais
Hábitos associados a uma vida mais saudável ou que façam a pessoa se sentir melhor no curto, no médio e no longo prazos também podem ser parte do tratamento.
Nesse escopo estão incluídas atividades físicas, mudanças na alimentação, metodologias de relaxamento por meio da respiração ou um novo passatempo.
Só para ilustrar, pesquisas já demonstraram como exercícios têm papel importante no enfrentamento da depressão. Práticas aeróbicas (caminhar, correr, andar de bicicleta etc.) de intensidade moderada oferecem bons retornos.
Aspectos que contribuem com uma boa saúde mental
Outra notícia positiva quando o assunto é os cuidados com a mente é que é possível incentivar atitudes que colaboram para reduzir a chance de adoecimento ao longo da vida. Entre as mais pertinentes estão:
- o fortalecimento de redes de apoio, seja de amigos ou familiares, com quem se possa dividir as dificuldades e se abrir a respeito eventuais insatisfações pessoais;
- dormir bem, comer de forma saudável e movimentar o corpo regularmente;
- desenvolver senso de propósito e pertencimento, através da família, da escola e do trabalho;
- observar as consequências do uso abusivo de álcool e outras substâncias sobre o ânimo;
- encontrar estratégias para aliviar o estresse e a tensão;
- procurar se desconectar frequentemente da internet, das redes sociais e do fluxo excessivo de informações causados pelos dispositivos conectados à rede;
- se engajar nas horas livres em atividades que proporcionem prazer.
Essas ações, claro, não conseguem conter todas as dificuldades que aparecem em determinados momentos. Em contrapartida, elas ampliam o respaldo frente às adversidades, contribuindo para a construção de um perfil mais resiliente.
Fontes:
- American Psychiatric Association;
- British Journal of Sports Medicine;
- BMC Psychiatry;
- Classificação Internacional de Doenças (11ª edição);
- Cadernos de Saúde Pública;
- Cadernos de Saúde Pública;
- Dialogues in Clinical Neuroscience;
- Journal of Clinical Psychology;
- Organização Mundial de Saúde (OMS);
- Organização Mundial de Saúde (OMS);
- Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS);
- Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS);
- World Psychiatry.
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