Conheça as doenças causadas pela obesidade
A condição vem em crescimento acelerado e epidêmico nas últimas décadas, tornando-se um dos grandes desafios da saúde pública atual.
Em 2025, a estimativa é de que 2,3 bilhões de pessoas (com 18 anos ou mais) ao redor do mundo estejam acima do peso, sendo 700 milhões convivendo com o quadro, segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).
No Brasil, as evidências apontam que ela acomete cerca de 31% da população adulta, segundo a Federação Mundial da Obesidade.
Mais do que uma questão de estética, é importante entender que há diversas condições que afetam a saúde causadas pela obesidade que, por si só, também é considerada uma patologia crônica.
8 principais doenças causadas pela obesidade
O excesso de peso é um fator de risco para diferentes enfermidades, como destaca a Abeso, sendo algumas das mais comuns:
- síndrome metabólica;
- diabetes tipo 2;
- hipertensão arterial;
- doenças cardiovasculares;
- apneia obstrutiva do sono;
- pancreatite aguda;
- doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA);
- câncer.
1. Síndrome metabólica
Conjunto de distúrbios que se baseia na dificuldade da ação insulínica, e que pode levar ao desenvolvimento de diabetes ou até mesmo doenças cardiovasculares. É definida, segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), quando pelo menos três dos cinco critérios se apresentam:
- circunferência da cintura superior a 88 cm em mulheres e 102 cm nos homens;
- pressão alta (135/85 mmHg ou mais);
- glicemia alterada (a partir de 110 mg/dl);
- triglicerídeos elevados (igual ou acima de 150 mg/dl);
- baixo HDL (“colesterol bom”) menos de 40 mg/dl em homens e 50 mg/dl em mulheres.
2. Diabetes tipo 2
A gordura corporal acumulada, especialmente no abdômen, no fígado, nos músculos e no pâncreas, pode alterar o funcionamento de múltiplos órgãos, conforme artigo publicado no periódico Cell Metabolism.
Isso significa que ocorre uma alteração na produção de substâncias inflamatórias e a liberação de ácidos graxos na circulação, que podem levar à resistência à insulina. Ou seja, as células do corpo passam a responder menos a esse hormônio.
Inicialmente, o pâncreas reage aumentando cada vez mais essa substância. Porém, com o tempo, as chamadas células ? – responsáveis por ajudar no processo de transformar a glicose em energia – começam a se esgotar e até morrer, provocando o efeito contrário (redução brusca).
O cenário eleva os níveis de “açúcar” no sangue, caracterizando o diabetes. Por ser uma condição com muitas complicações associadas, é indispensável o diagnóstico e monitoramento adequados com um endocrinologista.
3. Hipertensão arterial
Tanto a obesidade como a hipertensão são patologias multifatoriais. Como a primeira pode desregular diversas funções do organismo, ela facilita a elevação da pressão arterial.
Alguns dos possíveis mecanismos envolvidos nessa relação, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), são:
- anormalidades renais (maior retenção de líquidos e de sódio);
- resistência insulínica e hiperinsulinemia;
- modificações hormonais e metabólicas;
- alterações na contração dos vasos sanguíneos e na circulação.
Além disso, estudos mostram que quanto maior o peso corporal, maior a chance de os níveis subirem e provocarem outros danos.
4. Doenças cardiovasculares
São condições frequentemente ligadas ao acúmulo excessivo de gordura, pois exigem que o coração funcione com mais intensidade.
Isso ocorre porque, nesses casos, o volume de sangue a ser bombeado para o corpo costuma ser maior, o que leva o órgão a fazer mais esforço para manter os batimentos cardíacos, conforme aponta a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina.
Assim, é comum que o coração acabe passando por mudanças estruturais e funcionais, deixando-o mais vulnerável a falhas, como insuficiência cardíaca e arritmias.
Outro fator importante é a maior liberação de substâncias inflamatórias que danificam as paredes arteriais, junto de um fluxo sanguíneo prejudicado – quadros que favorecem o entupimento das artérias (aterosclerose).
Quando uma dessas placas coronarianas se rompe, o sangue pode coagular e bloquear a passagem, aumentando os riscos de infarto. Se acontece nos vasos do cérebro, pode resultar em um quadro de AVC isquêmico.
Para cuidar da saúde cardiovascular e identificar questões como essas citadas de forma precoce, é essencial manter o acompanhamento periódico com um cardiologista.
5. Apneia obstrutiva do sono
Acontece quando as vias respiratórias se fecham de forma repetida durante o sono, interrompendo a passagem de ar.
Em pessoas com obesidade, isso é mais comum porque o acúmulo de gordura em regiões como o pescoço e os tecidos moles altera o tamanho e o formato das vias respiratórias, facilitando o colapso da garganta.
Outros fatores como alterações inflamatórias e estresse oxidativo também contribuem para a obstrução e ainda se relacionam as demais condições, incluindo hipertensão e diabetes tipo 2, formando um ciclo de reforço mútuo entre as duas patologias, segundo artigo publicado na Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento.
6. Pancreatite aguda
Pode tanto ser causada como agravada pelo sobrepeso, destaca um estudo disponível no Current Opinion in Gastroenterology Journal.
Um dos principais fatores que aumentam o risco é a formação de cálculos biliares, que ocorre com mais frequência em pessoas obesas. Eles podem bloquear a passagem dos ductos que ligam a vesícula biliar ao pâncreas e desencadear a inflamação.
O excesso de gordura no sangue também pode provocar pequenos bloqueios nos vasos do órgão, reduzindo a circulação e levando a lesões do tecido pancreático.
7. Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA)
Além de gerar diversas alterações metabólicas associadas ao DHGNA, o acúmulo de triglicerídeos (tipo de gordura) no tecido adiposo, especialmente do abdômen, pode chegar ao limite e se expandir para os órgãos – neste caso, o fígado.
Isso muitas vezes leva a um estado inflamatório da região que abre portas para fibrose avançada, cirrose e hepatocarcinoma (câncer), explica a Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH).
8. Câncer
Devido ao estado de inflamação crônica em que o corpo se encontra e ao aumento nos níveis de determinados hormônios, as chances do crescimento de células cancerígenas são maiores, conforme o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
A entidade também evidencia que há comprovações cientificas da relação com pelo menos 13 tipos:
- esôfago (adenocarcinoma);
- estômago (cárdia);
- pâncreas, vesícula biliar;
- fígado;
- intestino (cólon e reto);
- rins, mama (sobretudo na pós-menopausa);
- ovário;
- endométrio;
- meningioma;
- tireoide;
- mieloma múltiplo.

Características da obesidade
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) indica que o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) é um dos parâmetros de triagem definidos para definição da obesidade clínica, mas não o único.
A fórmula consiste em dividir o peso (em quilogramas) pela altura (em metros) elevada ao quadrado, considerando que os resultados são:
- entre 18,5 e 24,9: adequado para adultos;
- acima de 25: sobrepeso;
- maiores que 30: obesidade.
É essencial lembrar que esses valores não consideram aspectos como idade, sexo, massa muscular, onde a gordura está localizada, ou manifestações adicionais de saúde, que são igualmente importantes para um diagnóstico preciso.
Por isso, contar com o suporte de um endocrinologista garante uma análise mais completa e personalizada.
Para facilitar o acesso a esses cuidados, quem assina o Cartão dr.consulta pode passar por consultas e realizar exames com valores mais vantajosos, além de participar de programas de saúde com acompanhamento multidisciplinar para enfermidades crônicas e atendimento de enfermagem (on-line e gratuito).

Como cuidar do peso corporal
Contar com o apoio de nutricionistas e, em muitos casos, de psicólogos, contribui para um monitoramento mais detalhado, tratando não apenas os sintomas, mas também as origens.
Esse contato permite orientações específicas para reeducação alimentar, controle de gatilhos e fatores associados.
Adotar mudanças no dia a dia que ajudam no tratamento e na prevenção também é um passo crucial, como:
- praticar atividade física com frequência;
- manter uma alimentação equilibrada, reduzindo o consumo de ultraprocessados;
- beber, em média, dois litros de água diariamente.
Com assistência profissional, autocuidado e hábitos saudáveis, é possível evitar doenças causadas pela obesidade e conquistar mais qualidade de vida.
Fontes:
- Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica;
- Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica;
- Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina;
- Cell Metabolism;
- Current Opinion in Gastroenterology Journal;
- Federação Mundial da Obesidade;
- Instituto Nacional do Câncer (INCA);
- Ministério da Saúde;
- Ministério da Saúde;
- Organização Mundial da Saúde;
- Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento;
- Sociedade Brasileira de Cardiologia;
- Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM);
- Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia;
- Sociedade Brasileira de Hepatologia.
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